heroína: 08.10

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

sim, sim, sim

Senhores,
Neste sábado eu vivi uma experiência sem par em toda a minha existência, com a "ação" sim, sim, sim.
Enquanto fiquei por 12 horas em pé no cruzamento entre a Visconde de Guarapuava e a Alf. Poli encontrando os rumos para a coleção nova através da experiência de estar alí parado, provocando e sendo provocado, refletindo sobre a criação autoral e a cópia "criminosa" que tanto vemos hoje, eu realmente me entreguei.
O registro de tudo foi feito por profissionais que eu amo e assino embaixo de qualquer coisa que eles fazem.
Jackie Dolstoy, atriz que é a estrela da coleção atual "nos seus olhos", narrou o que via, foi a primeira, registrou com sua voz magistral o início do processo, o momento que eu cheguei só de saia, botei a blusa em seguida e precisei de alguma porção de álcool para esquentar o corpo que ficou com as extremidades roxas pela imobilidade e ainda tirar a blusa novamente para não colocar nunca mais durante o dia todo. Bebí uma garrafa praticamente inteira e senti o corpo ferver.
O Winston "Magno Montreal", primeiro curador que eu tive, primeiro incentivador para uma exposição, primeira pessoa que me disse para eu nunca acreditar se alguém dissesse que eu não sou lindo ou que eu não possa fazer alguma coisa que eu acredite, ele desenhou. Fez o que faz de melhor, o que é mestre, o que de tudo o que faz, acredita.
A Natacha Gré - maquiadora que estudou inglês comigo na escola do meu irmão, enquanto ainda éramos adolescentes - fotografou e filmou com o celular.
às 11 horas tivemos 2 registros: o Jnr, dono da personagem Gloria Godiva - que eu visto desde sua primeira encarnação, e ele, que desde minhas primeiras aspirações à qualquer investida à imortalidade já registrava e publicava no seu site de eventos todo e qualquer pensamento meu. Já me fotografou, entrevistou, abriu espaço para que eu escrevesse o que penso e sempre respeitou o que eu disse. Na performance ele fotografou e inclusive subiu na minha casa para fotografar de cima.
O outro no trem das 11 foi o Rafa Schutz, com um desenho em grafite e nanquim, aguado, que fez valer todos os elogios que eu ja tinha ouvido sobre o seu trabalho. O Rafa, como a Marília, foram presentes da Nata. As duas já vão entrar no texto, mas o Rafa deixou seu registro no contexto todo.
Meio dia, com o sol a pino, a estilista e artista Fabianna Pescara fez uma interferência com a leitura do "que é uma performance" filmando esse registro. A Fabi é estilista da "Viu?" e é hoje uma das poucas pessoas que frequentam a minha casa e eu abro a minha vida. É pessoa de verdade, das que fazem. Acreditam, vão em frente e fazem. É pessoa de opinião, que se posiciona, defende o que acredita e bate no peito quando existe necessidade. Dá conselhos e me impulsiona pra frente. Eu gosto de verdade da Fabi.
O César Munhoz fotografou com aquela máquina engraçada analógica, que muda a cor das fotos e divide a chapa em 4, filmou com o celular e escreveu no molesquini o que passava naquele momento. Eu e o César nos interferimos nos nossos processos, trabalhamos juntos sempre, nos amamos e acreditamos um no outro e outro no um. O César é quem sonoriza a minha loja, meus desfiles e nossos vídeos.
O Gabriel Piovezan é quem faz os vídeos para a Heroína, desde o primeiro. Somos amigos desde antes dele ser cineasta e acompanhamos mutuamente nossa evolução. Ele filmou a ação por 1 hora e é quem vai fazer mais esse vídeo com tudo. Ele é muito bom.
A Marília Domingues ficou 3 anos na Itália estudando Mosaico. Amiga da Nata, entrou junto com o Rafa. Boa, nos conhecemos sábado, no meio da semana tomamos uma cerveja e no outro sábado ela se sentou na minha frente, do outro lado da rua e me representou como uma bola de vidro, dentro de um mosaico branco. Gosto de pessoas que se entregam. Nos entregamos.
Daí veio a Natália Richert. Nós estudamos juntos em 2005, trabalhamos juntos no MON, continuamos estudando juntos. A Nata já fez 6 cadernos para mim, esses cadernos que eu uso para começar idéias. Confio nela. Ela vende cadernos na minha loja. Eu fiz o vestido de formatura dela e ano que vem vamos estudar juntos de novo. Ela é uma princesa, vive num castelo e é amiga das fadas.Conta a lenda que ela nasceu de uma bolinha que se desprendeu do pinheirinho no natal, e antes de andar, voou. Registrou a performance com nanquim branco sobre papel preto.
O Gregory Martins é o criador do Trend Coffee, blog que fala sobre moda e tendências. Esse ano contribuí para o seu manifesto de formatura com um macacão amarelo de costas de fora. Ele filmou minha ação e entrevistou quem passava e olhava. Abriu. Surpreendeu.
Conhecí o Daniel Sorrentino no espaço do antigo atelier, depois fizemos um editorial sobre BDSM, ele virou cliente e é um dos responsáveis pela interferência que eu to sofrendo de pornografia no meu trabalho. Profissional que eu admiro, programou a máquina para tirar 1 foto a cada 3 segundos, durante 1 hora.
Na reta final, a Thifany F., minha Thifany, sentou e da maneira que fazia quando nos conhecemos, escreveu, escreveu muito, o dia todo, o que acontecia. Só sobreviví à performance por causa dela, que de tempo em tempo me levava água, hidrotônico, chocolate, sal e filtro solar. Só sobrevivo à vida por causa dela, que cuida de mim a todo momento, me esquenta de noite, me apoia quando eu "to" sem graça, me instiga a continuar indo em frente. Somos casados a 4 anos e ela já é parte de mim. De manhã me acorda, a gente toma café juntos, ela vai pra loja, fica comigo. Depois vai pro trabalho dela. De noite nos encontramos, ela me conta histórias engraçadas, me faz rir, chorar, me abraça quando eu tenho medo, e se eu não tenho sono ela pega na minha mão e me beija.
E será com o trabalho dessas 13 pessoas essesnciais na minha vida que começo a criação da coleção de verão 011 da Heroína, "sim, sim, sim".